Efeitos Diretos e Indiretos da Inteligência Fluida Sobre o Efeito de Prática de Lembrar: Experimento e Simulações
Prática de lembrar, efeito de testagem, inteligência fluida, diferenças individuais, modelo quantitativo
Recuperar informações da memória (i.e., prática de lembrar) é uma estratégia de aprendizagem que, em média, melhora a retenção a longo prazo—um fenômeno conhecido como efeito de prática de lembrar. Contudo, a prática de lembrar não beneficia todos os aprendizes igualmente. O objetivo geral desta tese é investigar os efeitos diretos e indiretos da inteligência fluida (gF) sobre a magnitude do efeito de prática de lembrar. A tese está dividida em três manuscritos principais. O primeiro manuscrito consiste em uma revisão de literatura sobre as diferenças individuais no efeito de prática de lembrar. Embora estudos te-nham examinado traços de personalidade e habilidades cognitivas, vínculos consistentes entre diferenças individuais e o efeito da prática de lembrar permanecem incertos. A análise é complicada pelos procedi-mentos heterogêneos utilizados nesses estudos. Alguns resultados indicam que o impacto de uma variável de diferenças individuais na magnitude do efeito da prática de lembrar pode depender de outras diferenças individuais ou fatores contextuais. O segundo manuscrito apresenta os resultados de um experimento (N = 144) delineado para expandir os achados de Minear et al. (2018) e para apresentar um novo conjunto de análises. Observamos que o efeito da prática de lembrar e o desempenho durante a fase de prática depen-deram da gF e da dificuldade do item. Além disso, observamos correlações positivas entre gF e a quanti-dade de novos itens que os participantes se recordaram durante a fase de prática nos Ciclos 1–3. Adicio-nalmente, encontramos um efeito indireto da gF sobre o efeito da prática de lembrar, mediado pelo de-sempenho durante a fase de prática. O terceiro manuscrito explora o arcabouço teórico de memória dual (Rickard & Pan, 2018), que foi utilizado para derivar dois modelos simples: o modelo de limiar fixo e o modelo de limiar aleatório. Esses modelos foram testados com os dados coletados no experimento descrito no segundo manuscrito. O modelo de limiar aleatório produziu uma estimativa pontual mais próxima do valor empírico que obtivemos do que o modelo de limiar fixo, embora o intervalo de confiança empírico tenha se sobreposto às estimativas de ambos os modelos. Com base nesses três manuscritos, propomos uma agenda de pesquisa, que inclui, mas não se limita a: explorar se o impacto das diferenças individuais no efeito da prática de lembrar depende de outras diferenças individuais (p.ex., o uso espontâneo de estra-tégias de codificação) e fatores contextuais (p.ex., prática estendida); testar se as diferenças individuais afetam o efeito da prática de lembrar de forma indireta através da habilidade dos aprendizes de gerar e recuperar mediadores, e de monitorar e modificar mediadores após tentativas de lembrar malsucedidas; e testar diferentes modelos derivados do arcabouço teórico de memória dual com diversos pontos de dados.