O USO DE DADOS EDUCACIONAIS NA GOVERNAMENTALIDADE E NA AÇÃO PÚBLICA NA RIDE-DF
Governamentalidade; Ação pública; Sociologia das quantificações; Uso dos indicadores; Indicadores educacionais.
Os indicadores vieram para ficar. Desse modo, o objetivo deste trabalho é conhecer como se dá a relação entre os gestores municipais de educação e os indicadores educacionais produzidos do Inep com vistas à ação pública. Por meio dos conceitoschave de governamentalidade e ação pública, o trabalho procura se situar em uma perspectiva teórica da sociologia das quantificações. Os objetivos específicos são conhecer a percepção dos indicadores no uso municipal pelos gestores municipais; identificar o arranjo institucional que abriga o uso dos indicadores; compreender as relações entre os agentes internos e os agentes externos, locais e regionais, que fazem uso dos indicadores nos municípios; conhecer como são usados os recursos humanos e tecnológicos no uso dos indicadores; identificar os usos dos indicadores
nas políticas e ações dos gestores municipais; entender o histórico de uso dos indicadores nas políticas e ações da rede municipal; e entender como se estabelece o fluxo de comunicação do uso dos indicadores pelos gestores municipais. Por meio de uma abordagem triangulada de métodos quantitativos e qualitativos, foi usada análise de conteúdo documental, survey e entrevista semiestruturada. O resultado
da pesquisa indica que as estatísticas educacionais operam na governamentalidade de modo muito distinto nos diferentes municípios, mostrando que, na ação pública, os municípios costumam interagir prioritariamente com os estados. Há uma construção que valoriza a construção das quantificações, contudo, seus usos são pouco aproveitados. As quantificações aparecem de modo parco nas análises documentais empreendidas, sendo as estratégias dos planos municipais de educação pouco
mensuráveis. É necessário ainda que se observe a baixa capacidade técnicoadministrativa dos municípios, enfatizando a capacitação regular e homogênea em municípios de baixa densidade educacional, podendo ser aproveitadas as oportunidades de ação em redes ou em parcerias, especialmente na Ride-DF, que hoje são inexistentes. Reforça-se também a necessidade de criar interlocução com mais atores sociais, como o Poder Legislativo, os conselhos de educação, os pais/responsáveis de alunos e outros para melhoria nas dinâmicas de poder na governança municipal e nas políticas públicas educacionais.