Desigualdade Educacional e Avaliação docente: O papel do ENADE na Formação de Professores de Geografia no Brasil
ENADE; desigualdade educacional; formação docente; ensino superior; Geografia; políticas públicas.
A presente dissertação analisa criticamente as desigualdades educacionais no acesso ao ensino superior no Brasil, com foco na formação de professores de Geografia e no papel do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) como instrumento avaliativo. Parte-se do pressuposto de que a avaliação, quando descontextualizada das condições socioeconômicas e estruturais, tende a reproduzir as desigualdades que se pretende combater. A pesquisa demonstra que estudantes oriundos de contextos socioeconômicos mais vulneráveis enfrentam múltiplas barreiras, desde a educação básica até a formação docente, o que impacta diretamente seus resultados no ENADE e, por consequência, a qualidade percebida dos cursos de licenciatura. A análise documental e teórica revela que o ENADE, embora importante para aferir a qualidade da formação superior, apresenta limitações significativas, como sua padronização e a incapacidade de captar a complexidade dos processos formativos e regionais. A pesquisa defende a urgência de políticas públicas que articulem avaliação, inclusão e valorização docente, com investimentos que não apenas ampliem o acesso, mas também assegurem condições efetivas de permanência e formação de qualidade. Conclui-se que o aprimoramento do ENADE como ferramenta avaliativa deve estar associado a uma compreensão mais ampla das desigualdades estruturais que afetam a formação dos professores de Geografia no Brasil.