EDUCAÇÃO E CIDADANIA TERRITORIAL PROJETO DE UMA GEOGRAFIA DO PLANO PILOTO DE BRASILIA PARA O ENSINO MÉDIO DAS ESCOLAS DO DISTRITO FEDERAL
Brasília; Patrimônio da Humanidade; Educação Patrimonial; Geografia Urbana; Ensino Médio.
O maior de todos os exercícios conceituais deixados por Milton Santos é aquele que afirma que a sociedade produz o espaço geográfico, que por sua vez rebate sobre a sociedade (Santos 1996). Nessa formulação conceitual e teórica, ele argumenta que o espaço geográfico, ou o território, aqui compreendido como o espaço vivido, usado ou apropriado, não seria apenas palco, ou continente de um conjunto de relações sociais. O território seria um ator social em si, uma dimensão fundamental da sociedade, como as dimensões cultural, econômica e política. Ele teria a capacidade de gerar impactos positivos e negativos sobre a sociedade, em todas as escalas. Assim, segundo ele, as potencialidades, possibilidades e problemas de uma dada sociedade, teriam com causa sua própria estrutura territorial. Isso aconteceria de duas formas principais: por meio do que ele chama de “tirania das distâncias”, que impõe aos mais necessitados altos custos financeiros e psicológicos de deslocamento, e por meio da ação do que Santos chama de sistemas técnicos, ou seja, a densidade e acessibilidade de sistemas de transportes e de comunicações, e o grau de fluidez ou rugosidade que esses impõem à sociedade e à economia. Isso ocorre em todas as escalas do território, mas é no nível da escala metropolitana que isso se dá de maneira mais apreensível, por serem as metrópoles territórios privilegiados da desigualdade e meios técnicos científicos-informacionais por definição. Esse rebatimento do território sobre a sociedade assume características extremamente particulares e específicas no Plano Piloto de Brasília, A concepção modernista de cidade parque de baixa densidade e excessiva setorização, a preconização do transporte rodoviário individual, sua peculiar forma urbana e sua relação profundamente desigual com as demais R.A.s do DF são fontes de processos sociais psicológicos muito específicos para seus 225 mil habitantes, e isso precisa ser explicado à sociedade.