"Resposta de Xanthomonas euvesicatoria pv. perforans e de Bacillus spp. ao cobre e sua aplicação no controle da mancha bacteriana em tomateiro".
Controle químico; controle biológico; efeito estimulatório; Solanum lycopersicum; subdose
Bactérias fitopatogênicas são organismos procariotos capazes de causar sérios prejuízos em diversas culturas de importância econômica mundialmente, dentre elas, o tomateiro (Solanum lycopersicum). O cultivo do tomate ocupa extensa área no Brasil e com 51. 452 hectares plantados e uma produção estimada em 3,9 milhões de toneladas de tomate no ano de 2023, o país é o oitavo maior produtor mundial. A Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF) que engloba áreas do Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais, corresponde à 10,78% da produção nacional do fruto em uma área de 4.774 hectares com cerca de 74,28% da produção destinada à indústria. Dentre as fitobacterioses que afetam a cultura, a mancha bacteriana do tomateiro (Mab) causada por três espécies de Xanthomonas, dentre elas X. euvesicatoria pv. perforans – Xep, é uma das doenças foliares mais importantes. Seu manejo é realizado de modo integrado, utilizando diferentes métodos de controle, como o químico e biológico. Porém, para o controle químico é preocupante a possibilidade da redução de sua eficiência em função da emergência de populações resistentes aos produtos, incluindo os de ação multissítio. Esses efeitos indesejados podem estar relacionados a um fenômeno conhecido como efeito hormese. Este efeito é caracterizado por inibição e estímulo de alguma característica do organismo, pela exposição a altas e baixas concentrações, respectivamente, de um agente tóxico. Deste modo, doses subinibitórias para os patógenos podem conduzir a estímulos com aumentos quantificáveis na severidade e incidência de doenças. Os impactos potenciais desse efeito ainda são pouco conhecidos e explorados na fitopatologia, mas estudos recentes têm demonstrado o seu potencial para aplicação comercial na agricultura. Uma dessas aplicações seria no aprimoramento do controle biológico de doenças. Espécies de Bacillus são agentes de biocontrole amplamente utilizadas em formulações comerciais por possuir boa habilidade de manutenção nos agroecossistemas. Cinco diferentes produtos comerciais à base de Bacillus spp. são registrados para a cultura do tomateiro, dentre eles: Serenade (B. subtilis QST 713) e Duravel (Bacillus amyloliquefaciens MBI600). Assim, buscou-se com este trabalho investigar a ocorrência de isolados resistentes em uma população de 45 isolados de Xep, a espécie predominante no DF e Entorno, bem como a ocorrência do efeito hormese, pelo uso de doses subinibitórias de cobre, seus efeitos sobre o crescimento e formação de biofilme, efeitos do precondicionamento à uma subdose e efeitos de subdoses na virulência do patógeno, bem como na otimização do controle biológico da mancha bacteriana do tomateiro com diferentes isolados comerciais de Bacillus spp. Verificou-se que o gene copA está presente em Xanthomonas euvesicatoria pv. perforans (Xep) e pode conduzir a expressão resistência ao cobre. Um efeito estimulatório ou tipo-hormese por doses subinibitórias de cobre ocorre em Xep sem relação com isolado ou gene de resistência e leva a aumentos significativos no crescimento e produção de biofilme bacteriano. Doses que são estimulatórias a uma determinada característica da bactéria in vitro podem não ser estimulatórias a outro parâmetro, tal como a virulência de um mesmo isolado, demonstrada neste estudo. Bacillus spp. não apresenta compatibilidade com o cobre in vitro em doses acima da CMI, enquanto doses abaixo da CMI induzem resposta estimulatória aumentando o crescimento da bactéria. Aplicações de Bacillus spp. no controle biológico da Mab não reduzem a severidade da doença em aplicações via foliar ou drench e o cobre estimulatório in vitro a Bacillus subtilis, não tem efeito aditivo no controle da doença.