Controle químico, biológico e varietal da ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi Syd. & Syd)
Glycine max; controle biológico; resistência genética; controle químico; Índice de Vegetação de Diferença Normalizada.
A soja (Glycine max) é o principal commodity agrícola do Brasil, onde atualmente ultrapassa os Estados Unidos em área cultivada e produtividade, se tornando o maior produtor mundial da oleaginosa. Desde meados dos anos 2000, um dos principais problemas fitossanitários ocorrentes na cultura é a ferrugem asiática, causando perdas que podem atingir até 90%. A ferrugem é causada pelo fungo basidiomiceto Phakopsora pachyrhizi Syd. & Syd, predominando a sua fase anamórifca de reprodução (uredínia e urediníosporos) nas epidemias da doença. A FAS (ferrugem asiática) se manifesta inicialmente com lesões de coloração verde-escuro, passando para marrom-castanho ou marrom avermelhado com o tempo, onde as uredínias costumam incidir nas faces abaxiais. Com avanço das infecções e área foliar infectada, ocorre o amarelecimento generalizado e queda precoce de folhas, que por sua vez gera antecipação do ciclo e danos ao pleno enchimento dos grãos. No referido trabalho, objetivou-se avaliar o manejo da ferrugem asiática em função da associação de fungicidas químicos, biológicos e resistência genética, devido a pouca quantidade de estudos envolvendo a dinâmica de interação dos três fatores. Para tais finalidades, foram instalados quatro ensaios em campo em 17/12/2021 e 19/12/2022 (em realização) na localidade de Rio Verde (GO), considerando o objetivo principal de comparar a cultivar resistente e suscetível quanto ao programa de aplicações de fungicidas químicos e biológicos. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com quatro repetições. A área das parcelas foi de 20 m2, sendo a área útil de 15 m2. As cultivares utilizadas foram TMG 7063 Inox® (GM: 7.0; ciclo precoce: 110 dias; resistente a P. pachyrhizi) e Brasmax Foco IPRO® (grupo de maturação: 7.2; ciclo precoce: 108 dias; suscetível P. pachyrhizi). Os fungicidas químicos utilizados foram: Fox Xpro® [Trifloxistrobina/Estrobilurina + Protioconazol/Triazol + Bixafem/Carboxamida (150 + 175 + 125 g i.a. ha-1)], Cypress 400 EC® [Ciproconazol/Triazol + Difenoconazol/Triazol (150 + 250 g i.a. ha-1)], Aproach Prima® [Picoxistrobina/Estrobilurina + Ciproconazol/Triazol (200 + 80 g i.a. ha-1)], Ativum® [Epoxiconazol/Triazol + Fluaxapiroxade/Carboxamida + Piraclostrobina/Estrobilurina (50 + 50 + 81 g i.a. ha-1)], Unizeb Gold® [Mancozebe/Ditiocarbamato (720g i.a. ha-1)], Bravonil 720® [Clorotalonil/Isoftalonitrila (720 g i.a. ha-1)], Reconil® [Oxicloreto de Cobre/Cúprico (588 g i.a. ha-1)] e Status® [(Oxicloreto de Cobre/Cúprico (588 g i.a. ha-1)]. Os fungicidas biológicos utilizados foram: Romeo Imune SC® [Bacillus subtilis BV02/Microbiológico (42 g i.a. ha-1)]. Os fungicidas químicos e biológicos foram aplicados em quatro estádios fenológicos da cultura, sendo posicionados em 30, 45, 60 e 75 DAE (dias após a emergência). As variáveis mensuradas foram: severidade da doença, análise de vigor por reflectância (Green Seeker®), AACPD (Área Abaixo da Curva do Progresso da Doença), sensoriamento remoto com fotografias NDVI (Normalized Difference Vegetation Index/Índice de Vegetação de Diferença Normalizada, com a utilização do drone eBee Ag® - lente Sensefly Duet M®), produtividade total de parcela e massa de mil grãos (MMG). A ferrugem foi o principal fator responsável pela variação no rendimento produtivo entre os tratamentos, gerando viabilidade comparativa entre os mesmos. Os fungicidas químicos utilizados reduziram a AACPD em relação à testemunha e consequentemente proporcionando maior produtividade. O decréscimo na quantidade de aplicações de fungicidas químicos interferiu significativamente no controle da doença, havendo diferença significativa entre as cultivares. De forma geral, a variedade TMG 7063 Inox® apresentou notas de severidade menores em relação à Brasmax FOCO®. Nos tratamentos com 1 e 2 aplicações de fungicidas específicos, a diferença foi mínima, tendo uma maior eficiência a partir de 3 aplicações. Os tratamentos com 4 aplicações isoladas do fungicida específico Fox Xpro® apresentou menor controle do que o tratamento com três aplicações de Fox Xpro® e duas associadas de multissítio. Dentre os fungicidas multíssitios, o Unizeb Gold® foi o fungicida protetor que apresentou o maior controle em associação com os fungicidas sítio-específico. Em relação aos tratamentos com fungicidas biológicos, eles isoladamente não apresentaram eficiência, possuindo severidades semelhantes a testemunha e em alguns casos com notas piores de severidade. A substituição preventiva dos biológicos com os químicos aumentou a concentração de inóculo para as aplicações posteriores, alterando e dificultando o manejo da FAS. A associação tardia dos biológicos (terceira e quarta aplicações, realizadas em 60 e 75 DAE) aos fungicidas químicos não apresentaram acréscimo no controle da doença.