Caracterização de begomovírus de plantas daninhas associadas ao cultivo do tomateiro no Brasil
Begomovirus, diversidade, Solanum lycopersicum L., Sanger, HTS, resistência genética
A produção de tomate apresenta uma importância econômica e social para o Distrito Federal. A produção ao longo dos anos vem sendo afetada de forma direta com ocorrência de doenças vegetais. Dentre as doenças na cultura de tomate, destacam-se as causadas pelos vírus da família Geminiviridae do gênero Begomovirus. Este grupo de vírus apresenta o material genético DNA de fita simples circular, classificado em monopartido ou bipartido. Esses vírus apresentam partículas proteicas geminadas icosaédricas incompletas de 15-20 nanômetros. Além do tomate os begomovírus apresentam outras hospedeiras vegetais de diferentes famílias demonstrando um alto grau de adaptabilidade. As plantas daninhas apresentam um papel importante no patossistema como reservatórios naturais de begomovírus. Estes vírus são transmitidos pelo vetor biótipo MEAM 1 (Middle East Asia Minor 1), amplamente distribuído, sendo relatado em regiões tropicais, subtropicais e temperadas. O vetor apresenta uma diversidade de hospedeiras, este fator colabora para infecções mistas, oferecendo condições para eventos de recombinação e pseudo-recombinação entre os begomovírus aumentando a variabilidade genética entre populações. Portanto, a supervisão da diversidade viral de diferentes regiões que possam superar a resistência dos cultivares se faz necessário, verificando que os begomovírus apresentam uma alta taxa de variabilidade genética e o vetor uma alta capacidade de adaptabilidade e polifagia, esses fatores contribuem para surgimento de novos begomovírus como novos hospedeiros do grupo das plantas daninhas. Por conseguinte, esse estudo tem como objetivo caracterizar os begomovírus associados a plantas daninhas das famílias Malvaceae, Euphorbiaceae, Amanthaceae, Solanaceae, Asteraceae, Rubiaceae, Fabaceae, Lamiaceae, Curcubitaceae, Convolvulaceae e Brassicaceae da região norte, nordeste, centro oeste e sul do Brasil para avaliar sua diversidade e importância como fontes de novos vírus para plantas cultivadas. Neste trabalho as amostras de folhas de plantas daninhas e potenciais hospedeiras de begomovírus foram coletadas em áreas de produção e áreas próximas à plantios em todas as regiões do país desde 2001 até 2020. Submetidas a extração de DNA total (Boiteux et al., 1999). Parte do DNA obtido de cada amostra realizado a amplificação de DNA viral por círculo rolante – RCA (Rolling Circle Amplification) (Inoue-Nagata et al. 2004) e PCR (Rojas et al. 1993;Duarte et al. 2021) para sequenciamento e a outra parte do DNA total Barcoding para confirmação das espécies botânicas usando primers específicos para Rubisco (Levin et al. 2003) e/ou Maturase K(Wicke and Quandt 2009; Kar et al. 2015). As amostras com resultado positivo para os cinco pares de primers (PAL1v1978/PAR1c496, Begomo AF/Begomo AR, 13 AF/13AR, 14 AF/14AR e 4 AF/12 AF) serão submetidos ao sequenciamento Sanger e HTS. As sequências virais serão analisadas por meio de RDP5 (Program detection recombination versão 5) para verificação de fatores de variabilidade genética como recombinação e pseudo-recombinação. As informações geradas no presente trabalho irão contribuir para elaboração de programas de melhoramento genético sobre os begomovírus que apontam maior importância epidemiológica no tomateiro e esclarecer aspectos do papel das plantas invasoras como fontes de inóculo na evolução genética das populações do patógeno no Brasil.