MUDANÇAS AMBIENTAIS NO MEGALEQUE DO RIO CUIABÁ,NORTE DO PANTANAL:Gatilhos climáticos e antropogênicos.
Megaleque do Cuiabá, Mudanças da paisagem, forçantes antropogênicas, sensoriamento remoto, áreas alagadas.
Zonas úmidas ou wetlands é um termo que abrange uma grande diversidade de ambientes e oferecem uma ampla variedade de serviços ecossistêmicos, contudo, apesar de sua importância para a biodiversidade global, a degradação ambiental é uma realidade nas últimas décadas. Dentre as grandes wetlands brasileiras o Pantanal se destaca como a maior planície alagável do mundo e uma das wetlands mais biodiversas do planeta, sendo considerado patrimônio nacional do Brasil. Entre os sistemas fluviais presentes no bioma, destaca-se o rio Cuiabá por sua grandeza, segundo maior sistema deposicional do bioma, proximidade com a capital do estado Mato Grosso e por ser um sistema diretamente impactado pelo reservatório de Manso. Este estudo examina as transformações da paisagem no Megaleque do Rio Cuiabá, em seus compartimentos geomorfológicos e na sua bacia de contribuição entre 1985 e 2022. A pesquisa, baseada em dados orbitais, hidrológicos e climáticos, utilizou práticas de sensoriamento remoto para avaliar os impactos das atividades humanas sobre a região, no contexto das transformações do bioma Pantanal. Os resultados revelam uma expansão significativa de áreas dedicadas à agropecuária, com o aumento de pastagens em detrimento da vegetação nativa, particularmente nas formações florestais e savânicas da BAP. No Megaleque, esse processo de conversão resultou na perda de corpos d’água e áreas de campos alagados, além de um crescimento expressivo da classe formação campestre em todos os compartimentos geomorfológicos, especialmente nas planícies desconfinadas. A pesquisa destaca ainda o papel que a presença de hidrelétricas possui ao afetar a dinâmica de cheias e secas, agravando a perda de áreas úmidas. Além disso, o estudo observou uma crescente incidência de queimadas no megaleque, com destaque para os anos de 2020 e 2021, quando eventos de seca extrema resultaram em incêndios inéditos e devastadores na região. Esses eventos estão associados a condições climáticas adversas, como secas prolongadas e aumento das temperaturas, verificados nos últimos anos da série histórica. As análises junto com demais trabalhos consultados sugerem que o Megaleque do Cuiabá, assim como o bioma Pantanal, enfrentam um cenário crítico em decorrência das forçantes antropogênicas, com a possibilidade de perdas irreversíveis de seus serviços ecossistêmicos, biodiversidade e regime hidrológico.