Planejamento urbano possível e espaços públicos em cidades coloniais da América Latina: Brasil e Uruguai
América Latina; Pirenópolis; Colônia do Sacramento; Planejamento urbano possível; Espaço público; Indicadores sintéticos.
Este estudo investiga os impactos da patrimonialização global nos espaços públicos de duas cidades coloniais latino-americanas: Pirenópolis, no Brasil, e Colônia do Sacramento, no Uruguai. Ambas vivenciam processos patrimoniais que, associados ao turismo e às políticas públicas, convertem seus centros históricos em lugares de visibilidade simbólica e consumo cultural. Partindo da abordagem da ativação popular do espaço público vinculada ao patrimônio-territorial por Everaldo Costa, do conceito de espaço público por Paulo Gomes, e que dialoga com o planejamento urbano por Ermínia Maricato, o estudo busca compreender como ocorre a ativação popular dos espaços públicos frente aos impactos da patrimonialização global em Pirenópolis (BR) e Colônia do Sacramento (URU), a fim de delinear uma metodologia para sua manutenção. A proposta do planejamento urbano possível criada por Everaldo Costa, articula imaginário, existência e cultura como dimensões essenciais para repensar a cidade a partir das práticas sociais e experiências dos sujeitos nos espaços públicos. A metodologia adotada combina revisão bibliográfica, análise documental e pesquisa de campo, visando identificar as práticas sociais que ativam simbolicamente os espaços públicos e quais elementos dessa ativação podem subsidiar o planejamento urbano possível, concretamente. O estudo defende que, diante das limitações das abordagens técnico-normativas dos Planos Diretores, o planejamento urbano possível se ancora nas territorialidades vividas e no protagonismo das práticas sociais. Ao confrontar a lógica da patrimonialização global com os usos cotidianos, evidencia-se como festas, mobilizações e reapropriações etc., configuram práxis legítimas de ressignificação dos espaços públicos patrimonializados. Nesse escopo, a Geografia, enquanto ciência social e espacial, contribui de modo fundamental ao oferecer instrumentos teórico-metodológicos capazes de interpretar criticamente as articulações entre território, cultura e poder, iluminando os processos de usos do território e suas disputas simbólicas e materiais. Por fim, ao propor um conjunto de indicadores sintéticos baseados na ativação popular do espaço público, a pesquisa contribui para a formulação de estratégias urbanas mais sensíveis às dinâmicas socioculturais locais, reforçando a centralidade dos sujeitos na construção de cidades mais justas, participativas e integradas às territorialidades.