TRANSFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO DA GESTÃO E A SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA NO MINISTÉRIO DA SAÚDE: DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19.
Condições de Trabalho, Saúde Mental, Trabalhadores da Saúde, COVID-19, Teletrabalho”
O estudo objetivou identificar como as mudanças ocasionadas no processo de trabalho, com o advento da pandemia de Covid-19, afetaram a qualidade de vida e bem-estar dos trabalhadores da gestão no Ministério da Saúde. Buscou-se descrever as características sociodemográficas e de saúde desses trabalhadores e analisar possíveis associações com o impacto da Covid-19 no trabalho. Trata-se de um estudo observacional, descritivo e transversal, realizado entre julho e outubro de 2021, incluindo análise qualitativa sobre a percepção dos trabalhadores a respeito das mudanças vivenciadas no período. Participaram 756 trabalhadores da gestão, distribuídos entre a sede em Brasília (64.3%), Superintendências Estaduais (26.5%) e Distritos Sanitários Indígenas - DSEI (9.3%). Sendo 66,3% mulheres cis e 31,0% homens cis. Mais da metade (54,1%) se identificou como pessoas brancas, 42,6% possuíam pós-graduação a nível de especialização, e 39,8% tinham renda entre 5 e 10 salários-mínimos. Quanto à saúde, 64,9% relataram ter alguma doença, 69,7% possuíam plano de saúde, 64,9% consumiam bebida alcoólica, 5,6% fumavam e 69,2% praticavam atividade física. Além disso, 77,1% afirmaram ter sua saúde física boa ou muito boa, e 72,3% avaliaram sua saúde mental como o conjunto de boa ou muito boa. Em contrapartida, a análise qualitativa revelou que 82,0% dos trabalhadores sentiram que o trabalho foi afetado pela pandemia. Muitos trabalhadores relataram sentimentos de exaustão, sobrecarga emocional e dificuldades de adaptação ao novo modelo de trabalho remoto e híbrido. Outros apontaram que a pandemia trouxe oportunidades para repensar a organização do trabalho e melhorar aspectos relacionados à conciliação entre vida pessoal e profissional. Quando perguntados sobre os “aspectos do trabalho afetado pela pandemia”, apareceram dificuldades relacionadas com a carga de trabalho (13.5%), dimensões relacionadas à Covid-19 (11.0%), manejo de ferramentas tecnológicas (4.8%), aspectos da gestão institucional (4.6%) e queixas relacionadas à saúde mental (3.6%), aparecendo em sexto lugar como maior frequência de queixa. O menor grupo diz não ter se sentido afetado pela pandemia (2.8%). Os resultados destacam características e percepções dos trabalhadores que podem subsidiar o planejamento de estratégias voltadas à promoção e proteção da saúde desses profissionais. Faz-se necessário um maior investimento em pesquisas sobre trabalhadores da gestão da saúde, que, embora não atuem na linha de frente do combate à COVID-19, desempenham um papel fundamental na gestão do trabalho em situações de crise no SUS.“O estudo objetivou identificar como as mudanças ocasionadas no processo de trabalho, com o advento da pandemia de Covid-19, afetaram a qualidade de vida e bem-estar dos trabalhadores da gestão no Ministério da Saúde. O Estudo trará análise de associações sociodemográficas e análise qualitativa de como o trabalho foi afetado pela pandemia de Covid-19 no período do seu curso em 2020. Trará um resgate da memória de como o/a trabalhador/a se sentiu afetado e quais mudanças em sua rotina de trabalho ainda reverberam em sua cotidianidade.