ATENÇÃO ÀS PESSOAS COM COMPORTAMENTO SUICIDA NOS SERVIÇOS DE ATENDIMENTO MÓVEL DE URGÊNCIA: AVALIAÇÃO DAS ABORDAGENS PROFISSIONAIS
Comportamento suicida, serviços de emergência, atendimento de emergência pré-hospitalar, SAMU, educação profissional em saúde pública. estudo de avaliação.
O treinamento para profissionais de saúde tem sido amplamente defendido como um caminho fundamental à prevenção do suicídio, haja vista haver fragilidades nos processos formativos e dificuldades dos profissionais de saúde no manejo das crises psíquicas. No Brasil, no contexto póspandêmico da COVID-19, um maior número de pessoas tem vivenciado episódios de crise. Com frequência, o serviço de atendimento pré-hospitalar móvel é uma das primeiras equipes de saúde a entrar em contato e acolher as pessoas que necessitam de atendimento imediato e a atenção prestada pode influenciar diretamente no prognóstico do paciente com crise suicida. Logo, o Ministério da Saúde (MS) decide promover um curso de formação em emergências em saúde mental para profissionais dos Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) dos 26 estados e o Distrito Federal do Brasil. Como o relato de avaliações desses processos formativos é escasso na literatura, esse estudo visa avaliar comparativamente as abordagens realizadas pelas equipes dos SAMU’s nos casos de comportamento suicida, antes e após o referido curso de formação. O estudo analítico, de abordagem quanti-qualitativa, foi realizado durante o curso no segundo semestre de 2021. Na etapa qualitativa da pesquisa, a partir da videogravação das estações simuladas para manejo do comportamento suicida foram categorizados os resultados mediante análise temática simples. As principais categorias: abordagem, aspectos facilitadores e dificultadores. Na etapa quantitativa foi aplicado um questionário a fim de mensurar as atitudes de profissionais do SAMU diante do comportamento suicida. Após o curso de formação, os profissionais puderam apresentar um trabalho de atenção mais humanizado à pessoa em crise suicida, alternativo às práticas predominantes que afastam a possibilidade de acolhimento e tratamento adequados. A análise de associação anterior e posterior ao curso apontou melhora no sentimento dos profissionais frente ao comportamento suicida e maior percepção da capacidade profissional para atendimentos dessa natureza. Assim, é possível inferir que a educação permanente em saúde oportuniza análise crítica e ação transformadora dos profissionais e de seus contextos sociais. É necessário investir em formações pautadas nas estratégias de cuidado baseadas na atenção psicossocial e tecnologias leves para os profissionais do SAMU.