DOS CRIADORES DE GADO AOS PLANTADORES DE SOJA: A RESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA DO NORDESTE DO TOCANTINS E OS ÍNDIOS KRAHÔ
Deslocamentos Indígenas; Povo Krahô; Nordeste do Tocantins; Questão Agrária
Este trabalho tem o propósito principal de compreender e analisar a restruturação produtiva do nordeste do estado do Tocantins a partir das diferenças, semelhanças e relações entre as frentes de exploração pastoril (que no passado impeliu-se contra o povo Krahô) e do agronegócio (que hoje cerca o Território Indígena) naquela região. Abordar a questão dos indígenas no Brasil atual implica discutir a rica diversidade de povos que são os habitantes originários das terras que agora conhecemos como o continente americano. Tais populações já ocupavam estas regiões há milênios, muito antes da chegada e invasão dos colonizadores europeus. A formação territorial do Brasil é um reflexo da complexa e desigual interação entre os povos indígenas e os processos colonizadores. O contato com os europeus resultou em deslocamentos forçados e alterações significativas nas estruturas sociais e territoriais das comunidades indígenas. Nesse contexto, o Sul do Maranhão e o Nordeste do Tocantins foram palco de um fenômeno muito recorrente desde que aqui chegaram os colonizadores portugueses, que é o deslocamento populacional indígena em resultado do avanço das frentes de exploração econômica e populacionais não-indígenas. Ainda na primeira metade do século XIX, a expansão das frentes pastoril e agrícola causaram o movimento migratório do povo indígena Krahô. Uma série de políticas governamentais foram colocadas em prática pelo Estado brasileiro para viabilizar a expansão no agronegócio pelo cerrado, tais como: POLONOROESTE, POLOCENTRO, PRODECER, MATOPIBA, entre outros. É percebido, desse modo, uma atuação contínua e aplicada dos agentes do Estado em prol do setor agroindustrial e em desfavor dos grupos indígenas, quilombolas, camponeses, posseiros etc. Para desvendar os “mitos” e desatar os “nós” do agronegócio e a fim de produzir uma Geografia sobre a produção do espaço no nordeste do Tocantins pelos Krahô e pelas frentes de exploração econômica, recorremos ao materialismo histórico e dialético como método de interpretação da realidade, a partir da abordagem qualitativa.