A CARTOGRAFIA DOS SABERES LOCAIS E O SENSORIAMENTO REMOTO NA REPRESENTAÇÃO DA PAISAGEM E DO TERRITÓRIO
Comunidades Tradicionais; Sensoriamento Remoto; Cartografia de Paisagens; Mapeamentos Participativos; Processamento Digital de Imagens; Saber Local.
No âmbito do paradigma pós-normal, a pesquisa discute formas de aplicação do sensoriamento remoto na representação geoespacial do saber local associado à paisagem e territórios de povos e comunidades tradicionais, a partir de mapeamentos participativos. Para se apresentar as ‘experiências que indicam caminhos’ foram selecionados duas abordagens: 1) a análise individual e comparativa entre os elementos paisagísticos e territoriais cartografados em 50 fascículos do projeto ‘Nova Cartografia Social da Amazônia’ e diretamente associados ao saber local e 2) o estudo de caso da Reserva Extrativista Marinha de Cururupu/MA, onde se analisa o processo de representação gráfica de paisagens e territorialidades no âmbito da elaboração de seu plano de manejo. A análise integrada e complementar de experiências de mapeamento participativo na Amazônia bem como uma experiência prática permitiram ilustrar e discutir o registro e a representação do saber local associado à paisagem e ao território, demonstrando alternativas metodológicas e a importância do registro destes saberes para o fortalecimento e desenvolvimento local. Neste sentido apresenta-se diferentes dimensões dos saberes e práticas tradicionais mapeados pelos fascículos analisados, bem como a cartografia das territorialidades da pesca dos pescadores e pescadoras artesanais da Reserva de Cururupu. Observou-se que, embora ainda pouco utilizado, o sensoriamento remoto facilita o diálogo institucional entre as práticas e saberes locais às territorialidades globais, sendo fundamental a devida qualificação das geoinformações obtidas pelas técnicas de mapeamento participativo empregadas. Conclui-se assim que a Geografia possui as alternativas teórico-metodológicas que podem contribuir para a abordagem transversal de problemas socioambientais complexos, incluindo dimensões dos saberes locais na produção cartográfica científica, contribuindo para a organização do espaço, para o fortalecimento de identidades e para formulação de políticas públicas.