Banca de QUALIFICAÇÃO: Ana Carolina Oliveira Tessmann

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : Ana Carolina Oliveira Tessmann
DATA : 07/07/2023
HORA: 15:00
LOCAL: Remoto
TÍTULO:

AS REDES SOCIAIS VIRTUAIS COMO POLÍTICA DE ESCALA PARA A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DE MULHERES NEGRAS nas eleições à Câmara Legislativa do Distrito Federal em 2022


PALAVRAS-CHAVES:

geografia eleitoral; representação de minorias; geografia do voto; Distrito Federal; representação de mulheres.


PÁGINAS: 65
RESUMO:

Diretas ou indiretas, por vias democráticas ou não, as eleições no Brasil têm sido ao longo da história assinaladas por particular característica: a ausência de mulheres. Incialmente restritas do legítimo direito ao voto, ou seja, suprimidas enquanto eleitoras (fato que mudou, no Brasil, a partir de 1932, e que tornou o país um dos pioneiros em assegurar o sufrágio feminino1 ), as mulheres, contudo, seguem apartadas do processo eleitoral na qualidade de parlamentares eleitas. Conjunto da população que soma 51,1%2 , os dados recentes apontam que mulheres estão longe de terem presença proporcional nos assentos congressistas. Em 2020, 24% dos parlamentares no mundo eram mulheres, enquanto no Brasil o percentual caia para 16%3 . Considerando o recorte de gênero atravessado por autodeclaração de raça/cor, mulheres negras4 contabilizam 27,8%5 da população brasileira e nas eleições municipais de 2016, não chegou a 5% o número destas eleitas a vereadoras6 , por exemplo. A taxa feminina da população se apresenta superior à masculina desde o início da série histórica de levantamento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua em 2012. O mesmo ocorre no Distrito Federal, onde a lógica que é reproduzida em praticamente todas as regiões do país (com exceção da região Norte)7 , também se aplica: há mais mulheres do que homens. Na capital do país, 52,2% da população8 é de mulheres, das quais 28,72% são autodeclaradas negras. Em relação à composição do quadro legislativo local ao longo de suas oito legislaturas (de 1991 a 2022), a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) conferiu assento a 192 deputados(as) distritais eleitos(as), dos quais apenas 21 foram ocupados desde então por legisladoras mulheres10. Com registro de raça/cor disponíveis apenas a partir dos mandatos de 2015, das doze mulheres parlamentares eleitas desde então, três delas se auto identificaram negras. Política e sociologicamente, estudos concernentes à representação política feminina têm sido ampliados por diferentes autores, tal como Alvarez (2004), Araújo (2005), Gonçalves (2004), Machado e Campos (2020), Miguel e Biroli (2014), Paixão (2004), Prá (2014), Rezende (2017), Tabares, Conceição e Marques (2021) entre outros(as). Bem como reclamado por coletivos, institutos, militantes políticos, movimentos sociais11, tais quais o Movimento Negro e os movimentos feministas, como uma falta de representatividade desse grupo, mulheres (sobretudo as autodeclaradas pretas ou pardas), nos espaços políticos tradicionais. Dentre as alegações sobre a causa, estão a ausência de recursos para campanhas eleitorais competitivas, a necessidade por conciliar vida familiar e política (TABARES, CONCEIÇÃO e MARQUES, 2021), a relegação das mulheres aos espaços privados, a percepção de condições desiguais de concorrência proporcionada pelos partidos, a violência política de gênero e raça, as exclusões estruturais entre outras. Nota-se, portanto, uma concepção de representação política que vem sendo lida como deficitária, o que leva há uma extensa produção intelectual, partidária, militante e retórica que pauta um deflagrado cenário de sub-representação. Por vezes, é a partir dessa interpretação que a criação de novas regras eleitorais é justificada e “reverbera debates e ações contra os déficits da cidadania feminina” (PRÁ, 2014, p. 171). Essa inserção desigual aos mecanismos institucionais tem, portanto, instigado ao longo dos últimos anos intenso empenho no sentido de desenvolver estratégias para uma reversão no hiato de gênero e raça na política brasileira. Como exemplo, o estabelecimento de cotas (mínimo de 30% para candidaturas de cada sexo) 12 , a garantia mínima de 30% ao fundo partidário para programas de promoção à participação feminina na política e reserva de tempo de propaganda eleitoral13 , bem como aqueles propiciados pelo desenvolvimento técnico, como o financiamento público através de plataformas on-line e a democratização ao acesso às redes sociais virtuais. Por isso, outro fenômeno é incorporado ao estudo: o do uso das redes sociais virtuais no intento de disputa de opinião pública em campanhas eleitorais. Os termos “lives”, “impulsionamento”, “transmissão ao vivo”, “engajamento”, entre outros, integram os manuais de marketing político como vocabulário e condição sine qua non para cumprir o rito de uma candidatura eleitoral no ano de 2022. Em sintonia com tal conjuntura se somam os dados relativos ao consumo de dispositivos que se conectam à internet, que informam que mais de 81% da população com mais de 10 anos acessam-na diariamente14. Ademais, são estimadas 3h42 diárias da rotina de brasileiras e brasileiros ocupadas em redes sociais virtuais. É de se supor, e testemunhar empiricamente, que a dinâmica das relações contemporâneas foram, em maior ou menor grau, atravessadas pelo uso das redes sociais virtuais. À vista desse panorama, é objetivo geral desse projeto de dissertação de mestrado entender o uso de redes sociais virtuais por mulheres negras candidatas (a serem detalhadas enquanto participantes desta pesquisa mais à frente) à Deputadas Distritais para a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) no pleito de 2022 como recurso de política de escala na relação com eleitores(as) na intenção de angariar mais votos.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1876675 - DANIEL ABREU DE AZEVEDO
Interna - 4323378 - POTIRA MEIRELLES HERMUCHE
Externa à Instituição - ALINE MARIANE DE FARIAS - FEI
Externa à Instituição - MÁRCIA DA SILVA - UNIOESTE
Notícia cadastrada em: 27/06/2023 13:02
SIGAA | Secretaria de Tecnologia da Informação - STI - (61) 3107-0102 | Copyright © 2006-2024 - UFRN - app07_Prod.sigaa01