O papel dos núcleos de ocupação na fronteira Brasil-Bolívia: do século XVIII ao XXI
fronteiras; território; Brasil; Bolívia; núcleos de ocupação.
A fronteira entre Brasil e Bolívia compõe uma extensa zona estratégica no coração da América do Sul que conecta as bacias Amazônica e Platina. Fruto de um processo histórico de mobilidade de fronteiras que remonta à origem colonial de ambos os Estados, essa zona de contato entre os territórios que se formaram foi forjada por distintos fluxos e pelo estabelecimento de diferentes núcleos de ocupação, dentre povoações de diferentes tipos, vilas e cidades. Com foco nessa fronteira como uma zona geoestratégica, a pesquisa tem como objetivo compreender o seu processo de constituição e as suas características contemporâneas. Considerando a definição e redefinição dos limites e os atores estatais envolvidos, a pesquisa problematiza o papel desses núcleos ao longo do processo de formação dessa fronteira. Tomando como recorte temporal do século XVIII ao início do século XXI, analisa-se esse processo a partir da identificação de três grandes períodos: I. o período colonial como o embrionário, tomando como referência o século XVIII, quando os fluxos e a constituição dos núcleos pelas potências ibéricas se encontram no centro-oeste sul-americano; II. o período da gênese das relações entre Brasil e Bolívia, do século XIX ao início do século XX, com a definição inicial e a redefinição dos seus limites internacionais, a partir de um processo de mobilidade de fronteiras; III. o período a partir do início do século XX, marcado por ajustes de limites e iniciativas de integração. Analisados esses períodos, a pesquisa se volta para uma leitura contemporânea das distintas escalas e esferas político-administrativas, considerando os recortes territoriais implicados nessa zona de fronteira. A partir dessa análise, o foco recai sobre os núcleos fronteiriços com articulação através do limite internacional, considerando-se as relações locais, seus arranjos regionais e a sua inserção nacional e internacional. Em uma perspectiva multiescalar, discute-se as mudanças na concepção geoestratégica acerca dessa fronteira, a partir da hipótese que os diferentes núcleos de ocupação foram os elementos constituintes da fronteira Brasil-Bolívia e assumiram um papel relevante na sua configuração geoestratégica contemporânea.