Filosofia da ciência aplicada à geografia física: a “crise climática” e o “desacordo” entre especialistas
lógica da pesquisa científica ; controvérsias na ciência ; mudanças climáticas ; ensino de climatologia
O fato dos cientistas poderem discordar entre si refuta a tese de que a ciência possui uma lógica funcional estável? Ou isso apenas revela a presença de fatores também psicossociais na produção de conhecimento? Como caso ilustrativo dessa discussão, nosso Projeto de Mestrado examinará o problema do debate sobre mudanças climáticas. À luz da atual literatura em Filosofia da Ciência, pretendemos verificar se temas-chave, tais como “controversia” e “desacordo”, colaboram a interpretar o que se passa na comunidade de especialistas em climatologia: as divergências de posicionamento se inscrevem dentro da lógica natural das pesquisas científicas, ou elas retratam o envolvimento dos agentes com visões e interesses que estão para além do âmbito da ciência? Nossa suposição é que o fato das discussões terem alcançado o público leigo, comprometeu a compreensão pública de que é próprio do mundo investigativo a disputa de modelos explicativos. E o resultado pode estar sendo a impressão de que “tudo vale”; de que a ciência não é tão objetiva quanto quer parecer. Nesse sentido, as avaliações sobre a “crise” precisariam estar atentas e discernir as disputas que se dão dentro dos protocolos da ciência, daquelas que envolvem propósitos ou agendas extra-científicas. Um objetivo específico de nossa pesquisa também é o de conjecturar modos de abordar o problema em contextos de ensino – entendendo que é relevante formar estudantes de geografia com carga epistemológica. Alertar futuros cientistas ou professores quanto à natureza da ciência colabora a formar cidadãos críticos, imunes a discursos conspiratórios ou reducionistas.