CUIDADO FARMACÊUTICO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE UM HOSPITAL PÚBLICO DO CENTRO-OESTE: DESCRIÇÃO DE IMPLANTAÇÃO, PROCESSO DE TRABALHO E INTERVENÇÕES
Cuidado farmacêutico; unidade de terapia intensiva; processo de trabalho; intervenção farmacêutica; implantação
Introdução: A complexidade da farmacoterapia envolvida no tratamento de pacientes críticos requer um acompanhamento especializado. O cuidado farmacêutico a esse perfil de pacientes em conjunto com uma equipe multiprofissional, pode promover a prevenção de problemas evitáveis relacionados aos medicamentos e otimizar o tratamento farmacológico. Objetivo: Analisar o cuidado farmacêutico na unidade de terapia intensiva de um hospital público do Centro-Oeste com vistas a descrever as intervenções realizadas e propor mudanças no processo de trabalho. Métodos: Trata-se de um estudo misto composto por três fases: A primeira parte foi uma pesquisa exploratória do tipo descritiva, das etapas de implantação do serviço de farmácia clínica baseada na análise documental e entrevista com atores envolvidos (fase 1), seguido de um estudo descritivo da evolução das intervenções farmacêuticas ao longo do período de 8 anos (fase 2) e um estudo de caso do tipo exploratório sobre o processo de trabalho usando a técnica de grupo focal envolvendo farmacêuticos clínicos atuantes no hospital, buscando possíveis mudanças (fase 3 ). Resultados: A implantação do serviço de farmácia clínica na UTI do hospital em estudo ocorreu mediante ações da secretaria de saúde e do próprio hospital, como a publicação de documentos oficiais e técnicos que permitiram o desenvolvimento das atividades pelos farmacêuticos clínicos. Além dos documentos, os entrevistados relataram diversos aspectos relacionados ao processo de implantação, destacando o contexto da infecção por superbactérias, a parceria com infectologistas, a nomeação de uma chefia de núcleo, a implantação da dose individualizada e a presença do farmacêutico dentro da UT I. O trabalho analisou 3.582 intervenções farmacêuticas realizadas entre 2016 e 2023 em 663 pacientes, com taxa de aceitação de 96% (3.442 intervenções). A intervenção realizada com maior frequência foi a sugestão de adição de medicamento à prescrição totalizando 842 (23,5%) com 96% de adesão, seguida por suspensão de medicamento 376 (10,5%) com 92% de adesão e aumento de dosagem 295 (8,2%) com 97% de adesão. O processo de trabalho recebeu sugestões de melhorias em relação às ações realizadas para a execução do cuidado farmacêutico na UTI, instrumento de trabalho utilizado como norteador do processo de trabalho e modelo de evolução farmacêutica em prontuário. Conclusão: O Cuidado farmacêutico realizado na UTI em estudo, passou por mudanças e se desenvolveu desde a implantação do serviço. O processo de implantação ocorreu entre 2015 e 2018, período no qual ações tanto da SES/DF quanto do NFC viabilizaram a construção do serviço. Ocorreram alterações quantitativas e qualitativas no perfil de intervenções realizadas e processo de trabalho desenvolvido pelos farmacêuticos clínicos na UTI recebeu algumas sugestões de alterações a fim de otimizar o processo e melhorar o cuidado ao paciente.