Fazer lembrar o passado, articular o presente: a dimensão política do uso de monumentos em manifestações artísticas
Estética; Política; Arte Contemporânea; Monumento; Monumentalidade
O objeto monumento é, em geral, um comunicador de narrativas hegemônicas, associado à espacialização do poder e à continuidade das memórias no presente. Ponto que poderia se manter imutável não fosse a crescente atenção dada pelos movimentos sociais e artísticos que, pautados por uma crescente discussão política, questionam essas presenças estáticas com maior ênfase a partir dos anos 2010. Esses novos olhares passam a indicar problemáticas a respeito destes objetos, destacando seus antigos conteúdos semânticos e políticos e apontando novas possibilidades de relação com essas figuras, criando um debate acerca do papel dos monumentos na contemporaneidade. No entanto, as relações que se desprendem de um objeto multifacetado, item do patrimônio, objeto de arte, fruto de uma posição política, são diversas e complexas, e, ao olharmos atentamente para a discussão, percebemos que se trata de um embate político, que se dá no campo do sensível, na mediação das possibilidades que certos corpos tem de ser e estar representados nos espaços e imaginários. Dentro desse embate, tendo em vista ainda as dificuldades de alteração do monumento pelo seu caráter patrimonial, encontramos nas manifestações uma potência de transformação e atualização, uma vez que se utilizam poética, conceitualmente e, por vezes, fisicamente do objeto, transformando em suporte para discussões mais amplas de caráter democrático. Este trabalho propõe-se a investigar estas manifestações com ênfase em suas dimensões políticas a fim de colaborar com a crítica ao monumento e seus potenciais de uso no contexto contemporâneo privilegiando três obras: Partenon de Livros, de Marta Minujin; Ensacamentos do Coletivo 3Nós3 e Brasil Terra Indigena de Denilson Baniwa .