Entre o projetar e o habitar: o acolhimento aos beneficiários na assistência técnica para o habitar de interesse social
habitação de interesse social; melhorias Habitacionais; democratização da arquitetura; direito à moradia adequada.
Esta pesquisa reflete criticamente as ações institucionais de habitação de interesse social do Distrito Federal, no âmbito de melhorias habitacionais. O objetivo central é compreender de que modo as famílias foram integradas aos processos, considerando seu protagonismo e corresponsabilidade nas decisões projetuais, a adequação cultural das soluções propostas e a apropriação dos instrumentos técnicos e linguagens adotadas. Foram analisadas duas iniciativas relevantes no cenário do Distrito Federal: a atuação da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB), que executa reformas assistidas por assistência técnica, e o projeto de extensão universitária Assessoria Técnica para o Habitar de Origem Social (ATHOS), que presta assessoria técnica de arquitetura. Ambos os programas possuem como público-alvo as famílias de baixa renda. A análise baseou-se em observação participante e entrevistas semiestruturadas, articuladas a parâmetros específicos elaborados pela própria pesquisa para avaliar dimensões do acolhimento e da moradia adequada. Essa formulação metodológica constitui uma das contribuições centrais do trabalho, por oferecer um instrumento crítico passível de replicação em outros contextos de ATHIS. Os resultados evidenciam os limites institucionais e as contradições que marcam a política habitacional no Distrito Federal, revelando fragmentações que comprometem sua consolidação. Constatou-se que a efetividade das ações está condicionada à compatibilização entre viabilidade técnica e expectativas familiares, processo em que o acolhimento e a escuta emergem como elementos fundamentais. A experiência demonstra que a ATHIS no Distrito Federal, apesar de atravessada por contradições e práticas fragmentadas que expõem a distância entre a normatividade legal e a realidade cotidiana, evidencia um potencial transformador ao articular dimensões da moradia, reforçando seu papel como instrumento de democratização da arquitetura e de promoção da moradia adequada.