Estética de protestos: espaços e práticas (de)coloniais nas cidades brasileiras (2013 – 2022)
Estética; política; protesto; espaço público
O ciclo de confrontos de junho de 2013 representa um ponto de inflexão nas manifestações democráticas brasileiras no século XXI. Estes protestos ocuparam os espaços públicos das principais cidades brasileiras como ainda não se havia visto nos anos 2000. Contudo, a relação entre política, espaço público e protestos engendraram questionamentos que, por sua vez, categorizaram as manifestações em duas vertentes, uma dualidade espacial, onde agrupamentos entre atores sociais e práticas estabeleceram situações de polarização radical, impedindo simbolicamente os manifestantes de coparticipar nos mesmos espaços. Esse fato abre possibilidades de investigação sobre a legitimidade das manifestações de protesto nos anos seguintes enquanto estratégias políticas na luta frente a questões urbanas, assim como possibilita expressar conceitualmente e conscientemente determinadas ideias, emoções e sensações. Quando os manifestantes ocupam um espaço, eles modificam a paisagem urbana e a dinâmica dos processos cotidianos daquele local, ainda que de maneira efêmera, com novas cores, sons, práticas, elementos físicos e simbólicos, estabelecendo uma relação de prazer através de um acordo entre o entendimento e a imaginação. Dessa forma, este trabalho se propõe a investigar em que medida estes eventos deixam de ser unicamente estratégias democráticas frente às questões urbano-sociais e passam, também, a ser representações teatrais que podem alcançar uma estética própria.